quarta-feira, 29 de abril de 2009

Amizar

Caras (os) Amigas (os),
Procurei um tema para retomar as postagens no Blog. Ocorreram-me alguns assuntos. A já assustadora "gripe suína" veio do medo, o machismo na escrita me ocorreu quando utilizava um pronome de tratamento para iniciar uma mensagem. Dei-me conta que utilizamos "Senhor (a)", mas nunca "Senhora (r)". Seria a gramática uma senhora machista? Para não entrar nesse terreno perigoso, prefiro escrever sobre a amizade que é um tema sempre atual e cuja gramática interessa-me mais conhecer.
A história está repleta de grandes amizades. Marx e Engels, Freud e Fliess são exemplos de parcerias da vida intelectual. Zagalo e Parreira, no futebol. Na música, temos os clássicos amigos Roberto e Erasmo. Aliás, parece que as duplas sertanejas encantam tanto pela amizade quanto pelas canções. Chitãozinho e Xororó são mais que uma dupla. Seus codinomes unem a delicadeza dos pássaros cantadores ao afeto das canções. Mas sabemos que há tantos amigos visíveis e invisíveis na vida dos célebres quanto dos anônimos. É comovente a amizade que presenciei entre um pedreiro simples, Seu Riba e Seu Domingos (é assim com o respeitoso "Seu" que eles se tratam), seu fiel ajudante.
Não pensem que porque só menciono amizades masculinas, eu seja como a Gramática, machista. Estou informado que, de acordo com um estudo da Universidade de Manchester, na Grã-Bretanha, as mulheres costumam formar amizades mais profundas e duradouras. Talvez a falta de notoriedade dos casos de grandes amizades entre mulheres seja a própria essência da forma da amizade. A trivialidade, a simplicidade das relações, a privacidade, a delicadeza, próprias do feminino, seriam o apanágio da amizade? A amizade masculina seria assim uma expressão de valores e sentimentos femininos? Talvez, por isso, o lema do Exército brasileiro seja "braço forte, mão amiga". A força fica com o braço (masculino) a amizade com a mão (feminino).
Assim misturada à sexualidade e talvez por ser desta derivada, a amizade é uma das mais sublimes invenções da cultura humana. Cultivá-la com apuro é o próprio exercício do amor e da delicadeza. Curioso que não exista o verbo "amizar", mas é preciso conjugá-lo, independente de gênero, número e grau.