quinta-feira, 31 de março de 2011

Samba de Blog

Samba de Blog 
por: Jarbas Couto e Lima
Amigo, me perdoe o desprazer
Bebedeira me destrói, fui buscar outro lazer
Passei ao computador
Escrevo num livro de faces
Tenho aqui um provedor
Que fica lá nos States
Bate-papo agora é mudo
Sem garçom, sem tira-gosto
Sem garota que passe
Sem ver tristeza no rosto.
O meu sítio digital 
(Não pense em fruta, nem flor)
É uma terra sem quintal
Quando vou ver os vizinhos
Uso um navegador
Com propaganda na proa
Mas sem santo protetor.
Mesmo assim, trafego em tudo
Sei até em demasia:
A viagem da vizinha
As bodas da minha tia.
No vaivém do mercado
Inflacionei amizades
Só de ver a quantidade
Já me sinto o bem amado
Somei contatos da rede
De um amigo mais prezado.
Nesse orbe sem boteco
Ama-se sem abraço
Há multidões sem toques
Em encontros abstratos
Pra encurtar conversa,
Já que estou com e-mail aberto
Quando for me visitar
Peço-lhe o obséquio
De postar no meu mural
Pois conta para o prestígio
Deste amigo virtual.
Refaça lá no meu Face
O convite que me fez
Que vou pesquisar no Google
Ou talvez no myspace,
Com que samba eu vou pro blog
que você me convidou.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Rosa Distraída



Rosa Distraída


Uma paixão quando nasce
É uma rosa distraída
Pertinho de um beijar-flor
Um samba quando toca 
Um coração presunçoso
Ecoa a arte cuitelo
Cuida, depois sorve
A seiva rara asilada
No imo oco do vaso
Do coração sofredor.
Assim, no reino da distração
Samba e beija-flor
São serviçais da poesia    
Que cobram sua vassalagem
No auge da agonia
Em rosas sujas de dor


quarta-feira, 23 de março de 2011

Pingo

        
Pingo 
Molha, mas falha
Costura brilho corisco
Corre risco
Escorre vidro
Risca tarde
Janela cortina
Franze franzino chuvisco

Pingo
Mancha, mas pinta
Café, laranja, mamão
Gruda juntinho tecido
Confio ter sido
salto
gole gula
sem fio ser fio
sem nó
som
Pingo
Mede,um pingo!!!
Mas enche
Seca desejo
Ganância
sacia jejum

Pingo (de gente)
Eu
Pingo
Pingo
Pingo

quarta-feira, 16 de março de 2011

Criar (para Lúcia Santos)

                                                   Criar
                                          Por: Jarbas Couto e Lima

Criar. Houve outra terrena salvação?
Sobre o símio solo necessário do seu pão
O homem precário elevou-se atlântico
Erguido à noite rubra de um sarau de estrelas
Ali, dançara sinuosa a carne do afã
Vestida de nua deusa de luz aldebarã
Criar. Há outra terrena salvação?
Será sereia no alvorecer da inspiração
Em mágico cântico que a palavra entoa  
Em fulgor solar da significância à toa    
Na mais clara noite que nenhum dia ousara  
Por trás mesmo dos cimos da desilusão  
Abrolha faceiro o feixe brilhante, a criação.