terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Resenha sobre "O Campanário da Padroeira: subsídios para a história de Colinas", de autoria do historiador Paulo Eduardo de Sousa Pereira


O livro O Campanário da Padroeira: subsídios para a história de Colinas, de autoria do historiador Paulo Eduardo de Sousa Pereira é uma pesquisa cuidadosa, metódica e fundamentada em informações consistentes sobre a história de Colinas. Até agora é a mais completa pesquisa já realizada sobre o aquela região ducentenária do Maranhão. Prof. Paulinho, como é conhecido pelos seus alunos, é graduado em história pela UEMA e professor de ensino médio em Colinas, mas seu livro tem as características de uma boa tese de doutorado. A diferença está no fato de que é muito melhor de ler do que uma tese. A qualidade literária impressa em sua escrita dá ao livro ares de romance, o que o torna emocionante e prazeroso. É um livro espirituoso no qual sentimos a presença da alma do autor, sua paixão pela história, sua devoção a Nossa Senhora da Consolação, sem perder a envergadura científica.Longe de ser um livro provinciano, como poderia sugerir o tema à primeira vista, os fatos históricos locais de que trata estão sempre expostos sobre uma contextualização do mesmo período na história nacional e regional. Assim, a ocupação do Sertão dos Pastos Bons, que dá origem a Colinas, é historicamente situada na expansão pastoril advinda da Bahia e de Pernambuco, na promoção da navegação do Rio Itapecuru resultante dos avanços econômicos das reformas pombalinas e na implantação do Arraial do Príncipe Regente. Este último fundado por ordem do Governador do Maranhão, D. Francisco de Melo Manuel da Câmara, em 1807, próximo ao encontro do Rio Alpercatas com o Itapecuru, torna-se o primeiro núcleo de povoamento da região, habitado à época por 215 pessoas.Apesar da pesquisa documental em primeira mão, das fontes arquivísticas, da tradição oral e das entrevistas realizadas, o autor não abre mão do diálogo com as obras já publicadas sobre Colinas. São amplas as referências a autores como José Osano Brandão, Wilson Coimbra, Antônio Fonseca dos Santos Neto, Alice Coelho Raposo, José Sérgio dos Reis Júnior e Antônio Luiz de Macedo Costa que nos presenteia com maravilhoso prefácio.Como colinense não posso esconder que algumas sutilezas da narrativa, como uma varinha de condão, despertaram flashes da minha memória a cada momento. Desta forma, a “Fazenda Grande” aprendida no “Primário” do Grupo Escolar João Pessoa, torna-se viva pelas ilustrações do autor. A morte de José Pereira de Sá no Piquete, em defesa de sua prole feminina, dá um tom dramático ao episódio da Balaiada. A sabedoria feminina e o poder religioso de Dona Cândida de Xavier de Matos como elementos fundantes da nossa cultura fazem lembrar a religiosidade e a força de nossas avós.
O ponto alto do livro é mesmo o Campanário (aqui entendido como uma ampla metonímia) e tem um efeito imediato sobre a memória do leitor colinense. As descrições da “festa de dezembro” nos levam desde os apitos feitos com as palhas das barracas do arraial até o leilão na igreja matriz. Dos padres Macedo, Felix e Damasceno às irmãs Terezinha e Consuelo. Da festa do vaqueiro e da corrida de cavalos às festas religiosas nos povoados. O Campanário da Padroeira é um livro obrigatório para qualquer colinense, uma excelente referência para todo historiador e uma ótima leitura para os amantes de literatura e de cultura brasileira.