Os amigos, naturalmente, são pessoas que nos encantam. Logo estão a bailar gargalhadas em nossa sala de estar. Também não demora muito para compartilharmos eventuais tristezas doidas neles tanto quanto em nós. No cotidiano, todavia, são mesmo é o pano de fundo de nossas almas paranóicas. Vemos neles uma imagem especular do que gostaríamos de ser e sabemos que nunca somos quando eles não estão ali.
Ricarte Almeida Santos é desses amigos que a gente admira, se espanta, se extasia. A sensibilidade e a delicadeza de Ricarte, no entanto, deram a ele a capacidade de "amizar" com ninguém menos do que a própria música, em pessoa. Poderia dizer: mais precisamente o choro. Mas, estaria cometendo uma grande imprecisão. Talvez, para ser mais preciso, precisaria ser mais abrangente: com a arte.
Rico por definição, seu coração transborda sensibilidade e harmonia. Rica'rte é um homem rico (um dos mais ricos que conheço) e marcado pela versatilidade. Como todo bom chorão, sua arte de viver dá um toque de Midas em diversas escalas. Vai de Fá a Lá (106 oitavas acima) no luxuoso "Chorinhos e Chorões" até uma esplêndida atuação RIPP contra as injustiças sociais.
A força e a dedicação dessa arte se ancoram em profundas raízes. Seu pai lhe deixou o legado do choro e com ele a certeza de que um homem chora sempre que pode. Assim, Ricarte sempre soube nos fazer chorar de arrebatamento ante a beleza de suas criações. Ademais, nem tudo é choro. Seu melodioso conhecimento desliza por entre ouvidos internos e externos à música do mestre Ernesto Nazaré. Um virtuoso do instrumento de conhecer a música brasileira, sua execução majestosa faz legato do choro ao samba com maestria. Nem por isso, há menos extensão sonora em seu instrumento quanto se trata de tocar a música e os músicos da terra.
Mas, convenhamos que nada se compara a sua presença carinhosa e amiga. Rica'rte de viver, Rica'rte de ouvir, Rica'rte de chorar, Rica'rte de sorrir. Ricarte sempre!
12 comentários:
Rico texto, prá falar de um sujeito que merece cada vírgula e cada pausa do que ali foi dito sobre sua singularíssima pessoa.
Compre canetas a granel, caro Jarbas, e rabisque em todas as folhas de papel do mundo mais poemas em forma de prosa como este com que nos brindaste.
Abraços ao homegeador (essa palavra existe?) e ao homenageado!
Jarbas, já está disponível no meu blog todas as faixas do cd do Delicatessen para audição.
Sobre o marketing oodo oco do mundo, a questão é que a cobrança da taxa vai inibir a circulação das pessoas, desfavorendo as compras casuais, de ímpeto que caracteriza o marketing de aglomeração. Principalmente se só agora o shopping passa a cobrar.
Também estou com saudades, mas vamos resolver isso logo logo.
Abraço!
Nada como receber a visita de amigos tão ilustres neste blog. A leitura e os comentários de vocês são um incentivo imprescindível.
Obrigado!
Um abraço!
P.s. Celijon, inclua nosso Érico nos planos do encontro acústico.
Jarbinha
Ele não me incluiu, não me disse o que é mas eu já tô dentro (ops!).
Abração
Lindo texto.
Obrigado pela visita, Paula!
Este elogio vindo de uma leitora de Drummond é um grande incentivo.
Volte sempre!
Pô, meu querido Jarbas,
É claro que não mereço tão belo escrito. Só mesmo partindo de uma alma tão generosa como você.
Tenho só paixão pelo que faço e profundo carinho e respeito pelos amigos. E você é um dos maiores amigos que tenho. Embora eu nem faça por merecer tão preciosa amizade. Não tenho palavras para agradecer. Mas quero continuar tendo o privilégio desse carinho imenso.
grande abraço
jarbas, também me orgulho em ter ricarte como amigo e conviver com ele, há certo tempo, quase todos os dias. é um ser iluminado. belo texto! grande abraço!
Que texto lindo, sensível e revelador. Lendo, vejo a descrição de Ricarte misturarem-se as suas... um belo homem a explicitar a admiração pelo amigo e a deixar-me embriagada pelo carinho e respeito que brota da cada palavra.
Um abraço,
Laurinda Pinto
Jarbas, meu querido amigo;
apenas você, com a elegância habitual e a percepção dos sentidos sociais, poderia ter sido tão generoso ao falar de nosso querido e incansável Ricarte. O trocadilho Ric'arte já traz em si uma provocação inerente à riqueza da arte difundida pelo homenageado.
Eu me deparo às vezes com a sensação de que são pessoas como vocês dois (blogueiro e blog-homenageado) que nos dão gás para continuar buscando e lutando pelo que há de melhor nesta vida.
abração,
James
Momentaneamente, fico sem saber se a emoção que senti fora por conta do texto escrito por jARBAS ou se por causa do assunto: RICARTE,um amigo. Talvez por me considerar admirador e ,também,amigo de pessoas tão iluminadas,além de fã que sou de um bom texto. Saudades dos velhos tempos das CS e do futebol na praia da Marcela,aos sábados.
Jokson Launé
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