Roçado virtual em que brotam pés de poesia, assoviam ventanias musicais e morrem áridas teorias. Arrendado por Jarbas Couto e Lima
sábado, 31 de agosto de 2013
Quase Rebus
sábado, 20 de julho de 2013
A rua é a maior (arqui)bancada do Brasil.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Resenha sobre "O Campanário da Padroeira: subsídios para a história de Colinas", de autoria do historiador Paulo Eduardo de Sousa Pereira

terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Reportagem da Veja sobre o CINEC de Colinas (1968)
terça-feira, 24 de abril de 2012
Freud e os cachorros de Cervantes
quinta-feira, 19 de abril de 2012
A Aba do paPoÉtico
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Anti-poesia
Bruta
O que seria?
Rua
Que engarrafa
Fumaça
Aço
Ódio
Pressa?
Dinheiro
Alfafa desses dias?
O que seria?
Falta de Us Top?
Riso triste de Botox?
Reality de fantasia?
Anti-poesia
O que seria?
Alegria tarja-preta?
O branco da Xenofobia
O show de todo dia
O pânico de proveta
Anti-poesia
Seria?
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
O Silêncio
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Letras castas
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Língua em silêncio
O silêncio do brinco em tua orelha
Roça em meus lábios fulgor incontido
Faz da língua intromissa centelha
Enquanto cantas obscenos gemidos
E intumesce a melodia inteira
da língua inefável
Que tanto mais fala ao fazer-se falo
Quanto escuta o ouvido
Ao ser lambido.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Oficina
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Asfixia
quinta-feira, 31 de março de 2011
Samba de Blog
por: Jarbas Couto e Lima
sexta-feira, 25 de março de 2011
Rosa Distraída
Uma paixão quando nasce
São serviçais da poesia
quarta-feira, 23 de março de 2011
Pingo
Molha, mas falha
Mancha, mas pinta
Confio ter sido
Mede,um pingo!!!
Mas enche
Ganância
Pingo (de gente)
quarta-feira, 16 de março de 2011
Criar (para Lúcia Santos)
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Encantada

Em alguns momentos do filme em que fiquei distraído, minha filha chamara-me a atenção para que eu não perdesse o final. Após assistir atentamente o final, como ela queria, fiquei intrigado, pensando em porque ela insistira tanto para que eu visse essa mudança brusca de escolhas de duas princesas prometidas. E olha que eu tinha acabado de ver o filme “Os Normais”, onde essa alternância de casais também ocorre, de maneira nada ingênua, às vésperas do casamento. Depois de passar uma noite perturbado com a questão, perguntei, então, para minha filha porque ela quis tanto que eu visse aquele final. Ela respondeu que apenas queria assistir ao filme comigo, só porque era dia dos pais.
É claro que pode ter sido este mesmo o motivo. Só ela saberá. O que importa é que minha filha acabou me dando um belo presente. Desde que vi o final do filme, comecei a pensar sobre o desejo nas mulheres. Aquelas mudanças de amores deixaram-me um tanto preocupado com a idéia que tenho de amor romântico. Como podia uma princesa que acabara de encontrar o seu príncipe e que parecia tanto amá-lo, mudar assim de amor tão rápido? Como podia que ela não tivesse dado conta disso (embora continuasse desejando que seu príncipe amado viesse buscá-la) e, só após a chegada deste, tenha descoberto que seu desejo já se dirigia para o advogado? Não estava acostumado a pensar que princesas podiam ser tão instáveis em seu amor. Muito menos que elas pudessem desejar outros homens ainda vivendo a expectativa do casamento com seu príncipe. Cheguei a ficar perturbado e a me perguntar o que realmente me incomodava, senão o fato de eu ter descoberto pela minha filhinha algo tão simples e que todos os homens ou, pelo menos, os pais fazem questão de esquecer: que as mulheres desejam e que suas vidas não se resumem a partilhar um mundo mágico com seu príncipe encantado. Outra coisa que talvez seja tanto atual quanto insofismável nesta historinha é que, mesmo pensando amarem seus príncipes encantados, as princesas mais doces do mundo podem ter seus sentimentos traídos por um desejo que elas próprias parecem desconhecer (embora possa haver indícios disso).
No dia dos pais, aprendi que é bom que admitamos a possibilidade de sermos superados por outro homem em nossos atributos encantados, mesmo quando nos sabemos amados pelas nossas princesas. Obrigado, Milena!
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Striptease Blues
Mora em meu avesso
em vestes céus azuis
um velho homem nu de nuvens
de algodão
provocante ao se despir do preço
revelando aos poucos sonhos
de verão
desvestindo lento a alma ao som de
um blues
até, enfim, expor seu coração
à luz
que aceso cede ao sedutor impulso
-posto que, além de músculo, é vaso-
de encher-se afoito no sangue dos teus pulsos.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Paradoxo Reflexo

À margem destes traços negativos, é comum vermos São Luís cada vez mais sendo apresentada e reconhecida como a capital da cultura popular. Seja esta cultura popular higienizada, espetacularizada ou não. Porém, para além do que os mitos nos contam, a nosso ver, há, em torno da ilha, um cordão etnocêntrico de valorização exagerada de exotismos de sua cultura “popular” e “histórica” que distancia-nos de valores universais cultuados no mundo “civilizado”. Não haveria nenhum problema em supervalorizar a cultura popular local, baseados na idéia de que transformá-la em riqueza atrairia o olhar dos outros, se não fosse esta uma forma também de nos fazer acreditar em lorotas bem modernas e de conseqüências nefastas em nosso cotidiano.
Na supervalorização de São Luís como capital da cultura popular estamos diante de uma estratégia nada inocente que consiste em exacerbar algo, justamente, para escondê-lo. Em primeiro lugar, podemos perguntar-nos: sendo a cultura popular uma riqueza, por que seria necessário inflacioná-la aos olhos dos outros para que fosse vista? Fica-se como em desenho animado japonês, exagerando o tamanho do olho dos personagens apenas para denunciar quão diminuto ele é na realidade. O mais grave é que esta tentativa de chamar a atenção do outro para a grandiosidade maquiada de nossa cultura popular - uma atitude intuitiva comum a diversos povos- tornou-se o eixo de nossas políticas culturais locais.
Desta forma, o popular, simplesmente por ser popular, é colocado exageradamente acima de qualquer outra expressão da cultura tomado em sentido amplo. É claro que há o universal no popular, mas aqui não são os consensos, as honestidades, as harmonias, as poesias, a simplicidade, a natureza, inteligência que são cultuados nele. A primeira vista, o que justifica a idéia de colocar São Luís como capital da cultura “popular” é a suposição de que, por ser esta cultura uma expressão do “nosso” povo, atual ou antepassado, isto faria dela a expressão mais autêntica de nossa identidade e quiçá um produto inédito e exótico para o turismo.
Nos últimos anos, talvez em conseqüência da globalização, vemos um fenômeno complementar, ainda que estrangeiro, se instalar com uma falsa superação desta estratégia. Uma espécie de invasão do internacional popular e da tecnologia na cultura local, numa forma de inclusão da nossa cultura no mercado de bens simbólicos. Em diversas frentes esta presença é sentida, a saber: espetáculo e tecnologia na música (banda de forró, Marafolia, sertanejos, radiolas de reggae, hip hop) popularização do vídeo e tecnologia de gravação (festivais, pirataria), o discurso da Nova Administração e sua companheira inseparável, a gerundização (“Eu posso estar fazendo um desconto pra você ou você pode estar comprando parcelado!!”), o estilo consumis ta nouveau riche da classe média, etc.
Ao tentar conciliar o internacional popular com a cultura popular local, a São Luís contemporânea torna-se, antes de tudo, um paradoxo, mas não abre mão da estratégia cultural anteriormente adotada. Nesta nova forma de valorização do popular, projeta-se o popular e o histórico revestidos de novo em plano expandido. Ao mesmo tempo, continua-se a ocultar o nítido contraste entre a miséria e a luxuosidade, a carnaubeira obtusa e a avenida retilínea esburacada, a direita atropelando-se em cobiça e a esquerda vazia (falo do trânsito), a Oligarquia (um gênero político comum por aqui) e o Estado. Como num espelho, opostos se confrontam e se ad/miram paralisados pelo narcisimo.
Este paradoxo reflexo serve como uma metáfora, como uma lente capaz de ampliar a oposição entre imagens geralmente distorcidas em dimensões opostas de forma a uma ocluir a outra. Assim a luxuosidade dos prédios e carros escondem progressivamente a miséria tão próxima deles. A Oligarquia oblitera o Estado, a direita lenta e ambiciosa se oculta na esquerda vazia, a carnaubeira obtusa preenche o espaço legítimo das palmeiras. Onde o Sabiá háverá de cantar? Que Sabiá?
sábado, 9 de maio de 2009
RICA’RTE

Os amigos, naturalmente, são pessoas que nos encantam. Logo estão a bailar gargalhadas em nossa sala de estar. Também não demora muito para compartilharmos eventuais tristezas doidas neles tanto quanto em nós. No cotidiano, todavia, são mesmo é o pano de fundo de nossas almas paranóicas. Vemos neles uma imagem especular do que gostaríamos de ser e sabemos que nunca somos quando eles não estão ali.
Ricarte Almeida Santos é desses amigos que a gente admira, se espanta, se extasia. A sensibilidade e a delicadeza de Ricarte, no entanto, deram a ele a capacidade de "amizar" com ninguém menos do que a própria música, em pessoa. Poderia dizer: mais precisamente o choro. Mas, estaria cometendo uma grande imprecisão. Talvez, para ser mais preciso, precisaria ser mais abrangente: com a arte.
Rico por definição, seu coração transborda sensibilidade e harmonia. Rica'rte é um homem rico (um dos mais ricos que conheço) e marcado pela versatilidade. Como todo bom chorão, sua arte de viver dá um toque de Midas em diversas escalas. Vai de Fá a Lá (106 oitavas acima) no luxuoso "Chorinhos e Chorões" até uma esplêndida atuação RIPP contra as injustiças sociais.
A força e a dedicação dessa arte se ancoram em profundas raízes. Seu pai lhe deixou o legado do choro e com ele a certeza de que um homem chora sempre que pode. Assim, Ricarte sempre soube nos fazer chorar de arrebatamento ante a beleza de suas criações. Ademais, nem tudo é choro. Seu melodioso conhecimento desliza por entre ouvidos internos e externos à música do mestre Ernesto Nazaré. Um virtuoso do instrumento de conhecer a música brasileira, sua execução majestosa faz legato do choro ao samba com maestria. Nem por isso, há menos extensão sonora em seu instrumento quanto se trata de tocar a música e os músicos da terra.
Mas, convenhamos que nada se compara a sua presença carinhosa e amiga. Rica'rte de viver, Rica'rte de ouvir, Rica'rte de chorar, Rica'rte de sorrir. Ricarte sempre!